Cinco anos após o início da pandemia, vacinação contra covid-19 ainda é necessária

Em 30 de janeiro de 2020, a Organização Mundial da Saúde (OMS) declarou emergência de saúde pública de importância internacional em razão dos primeiros casos de covid-19 na China, à época sem nenhum registro de morte. O alerta de emergência internacional foi encerrado no dia 5 de maio de 2023, três anos após o início da pandemia e acumulando mais de 700 mil mortes apenas no Brasil. Atualmente, cinco anos após o início e dois anos após o fim da pandemia, a vacinação contra a doença ainda é incentivada, fato explicado pela professora Ana Marli Sartori do Departamento de Moléstias Infecciosas e Parasitárias da Faculdade de Medicina da USP.

A principal medida de prevenção ao vírus da covid continua sendo a vacinação e, assim como explicado pela especialista, deve ser realizada como rotina, também tendo sido incluída no Programa Nacional de Imunizações, ou seja, fazendo parte na rotina da vacinação das crianças, de 6 meses até menores de 5 anos, ou seja, a cada quatro anos. Além destes, a professora ainda ressalta os grupos especiais: “Continua valendo a vacinação de grupos especiais para pessoas vivendo em instituições de longa permanência, pessoas com comorbidades, pessoas imunocomprometidas, população indígena, ribeirinhos, quilombolas, trabalhadores da saúde, pessoas com deficiências permanentes, privados de liberdade, enfim, uma série de pessoas que também devem receber a vacina”, explicou.

Mulher branca, relativamente idosa, cabelos escuros, de óculos e sorrindo. Traja vestido preto estampado com bolinhas brancas e tem em torno do pescoço uma fita de cor vermelha
Ana Marli Sartori – Foto: Sites USP

Atualmente, como explicado por Ana Marli, existem três vacinas disponíveis para a vacinação: duas vacinas de RNA, da Moderna e da Pfizer, utilizadas em território brasileiro durante a pandemia, e uma considerada nova no Brasil, a vacina de proteína recombinante, da proteína spike, produzida pelo Serum Institute of India. Segundo a professora, esta será utilizada apenas para jovens e adultos, enquanto as de RNA são direcionadas às crianças. “Essa vacina (Spike) será utilizada apenas para pessoas com 12 anos ou mais. Enquanto crianças de 6 meses até 11 anos, 11 meses e 29 dias, vão receber as vacinas de RNA, ou da Moderna ou da Pfizer.”

Esquemas de vacinação

Algumas dessas vacinas já estão disponíveis para a vacinação em postos de saúde, entretanto, é necessário atentar-se aos esquemas de vacinação e número de doses que precisam ser ministradas, principalmente às crianças. De acordo com a professora, “as crianças que nunca foram vacinadas, então, crianças de 6 meses a 4 anos, 11 meses e 29 dias, irão receber uma das vacinas de RNA em esquema de duas doses, no caso da Moderna, ou de três doses, no caso da Pfizer”, detalhou. Já crianças com o esquema vacinal incompleto, ou seja, que receberam uma ou duas doses da vacina, mas ainda não completaram o seu esquema, podem completar o esquema com a vacina que estiver disponível no posto de saúde mais próximo.

A professora ainda adverte sobre grupos, crianças e adultos, com comorbidades, que deverão vacinar-se de maneira um pouco diferente: “Crianças imunocomprometidas irão receber duas doses anuais, a cada seis meses. Então, com as vacinas entrando na rotina, nós não temos mais momento de vacinação. A vacina vai estar disponível o ano inteiro e a pessoa deve receber uma ou duas doses anuais, de acordo com a sua condição. Então, comorbidades, uma dose anual, imunocomprometimento, duas doses anuais, a cada seis meses”.

Para o público idoso, serão três as vacinas disponíveis, as de RNA e a de proteína recombinante, a serem aplicadas em intervalos de seis meses. A especialista ainda ressalta a importância de prestar atenção às reações adversas em caso de aplicação de vacinas de tipos diferentes. “Nós temos diferentes vacinas, a gente consegue administrar usando uma vacina diferente. Então, no caso de uma reação alérgica grave, a gente não usa a mesma vacina, mas precisa ter uma avaliação médica para avaliar se pode receber outra vacina. Fora isso, existem algumas contra indicações temporárias. Uma pessoa que está com uma doença aguda, febril, que ainda não tem diagnóstico, não é o momento de fazer a vacinação. Aguarde alguns dias até estar se sentindo melhor e aí procure a vacinação.”

A vacinação contra a covid-19, ao contrário da influenza, não depende de sazonalidade e a professora ressalta a importância de diferenciar as duas. “A covid não tem a mesma sazonalidade que a gripe tem. E, na verdade, com as mudanças climáticas, nós estamos vendo uma grande mudança na sazonalidade de todas as doenças. Nós temos dengue no inverno e temos influenza no verão. Então, precisamos nos proteger quando a vacina está disponível.”

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