Em Florianópolis, pinguins reabilitados serão devolvidos ao mar e acompanhados via satélite

Amanhã (23), o Projeto de Monitoramento de Praias da Bacia de Santos (PMP-BS), conduzido pela Petrobras, realizará a soltura de 14 pinguins-de-Magalhães. Esses animais encalharam em praias de Santa Catarina durante a temporada de migração, que ocorre no outono e inverno, e foram resgatados. Após receberem tratamento no centro de reabilitação da associação R3 Animal, executora do PMP-BS, estão prontos para retomar sua jornada de volta às colônias reprodutivas.

Após a soltura, o monitoramento dos animais continuará. Este é o primeiro grupo de pinguins reabilitados pelo PMP-BS em Santa Catarina a receber rastreadores que transmitem dados via satélite. A iniciativa é liderada pelo Projeto Albatroz em parceria com a Associação R3 Animal.

“Vamos saber quanto tempo os animais levam para chegar às colônias e se o grupo permanece junto. Nós finalizamos o nosso trabalho na soltura, mas só saberemos se houve sucesso quando os pinguins chegarem aos seus locais de origem”, analisa Cristiane Kolesnikovas, presidente da R3 Animal.

Dos pinguins a serem soltos, oito foram equipados com o dispositivo, que fica acoplado ao dorso do animal e não ultrapassa 3% do peso corporal. Isso garante que o material não aumente o gasto energético do animal nem interfira em sua capacidade de mergulho.

Monitoramento: um aliado para a conservação

A expectativa é que a bateria do rastreador dure cerca de dois meses. Durante esse período, a equipe realizará várias leituras de dados por dia, com o objetivo de acompanhar, em tempo real, a rota desses animais e seus comportamentos, como padrões de movimentação e a profundidade em que estão nadando.

A instalação do dispositivo tem por objetivo identificar as rotas utilizadas pelos animais durante a migração. “Entender a ecologia dos animais e o uso das áreas é muito importante para a conservação da espécie”, explica Gabriel Canani, gerente técnico do Projeto Albatroz, parceiro da Associação R3 Animal.

Temporada de migração 2024

Em Florianópolis, 2682 pinguins-de-Magalhães já foram registrados na temporada de migração 2024, dentre vivos e mortos, até 22 de outubro. Desse total, apenas 152 (5,6%) estavam vivos na hora do resgate, com sinais de afogamento e exaustão.

No outono e inverno, os pinguins-de-Magalhães partem de suas colônias reprodutivas na Patagônia Argentina, seguindo corrente marítimas em busca de alimentos em águas mais quentes, quando atingem o litoral brasileiro, principalmente as regiões Sul e Sudeste.

Durante a migração, é comum que indivíduos mais jovens se percam do bando, devido à inexperiência, e acabem encalhando nas praias exaustos, afogados, desnutridos e hipotérmicos. Ações antrópicas como petrechos de pesca e poluição marinha agravam a situação.

A realização do Projeto de Monitoramento de Praias da Bacia de Santos (PMP-BS) é uma exigência do licenciamento ambiental federal, conduzido pelo Ibama, para as atividades da Petrobras de produção e escoamento de petróleo e gás natural na Bacia de Santos.

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