Kika: Festival Lanterna Mágica de Florianópolis anuncia novo nome

Depois de quatro dias de programação no Ribeirão da Ilha, em Florianópolis, onde reuniu um público aproximado de 1.000 pessoas na praça do bairro, o Festival Lanterna Mágica de Cinema anunciou novo nome: Festival Kika de Cinema, que reflete a vocação do evento para exibição de filmes dirigidos por mulheres. Nesta terceira edição, o festival firmou parceria inédita com o Telecine e homenageou as cineastas Carla Camurati e Maria Emília de Azevedo.

O novo nome é inspirado na personagem Kika, uma cineasta que respira coragem, criatividade e afeto, e que é a estrela do curta de animação Kika e o Filme Perdido, de Fernanda Ozório, que pré-estreou no festival.

“Desde o primeiro dia, com a emocionante exibição de Kika e o Filme Perdido, foi impossível não sentir a força dessa nossa união e como essa história que estamos construindo carrega uma energia tão deliciosa de entrega, carinho e cuidado”, diz Fernanda, uma das idealizadoras do festival.

Carla Camurati, que exibiu no festival a recente remasterização de Carlota Joaquina, Princesa do Brazil (1995), destaca o recorte curatorial. “É muito importante assistir a filmes feitos por mulheres porque existe, sim, uma visão de gênero, uma maneira de ver cada coisa. E ao longo da história do homem, as mulheres tiveram pouca chance de intervir. Ficaram num espaço onde não liam, não escreviam, não trabalhavam. E hoje a gente já está num momento importante de equilíbrio”.

Sobre isso, a pesquisadora e professora de Cinema Ally Collaço, que ministrou duas oficinas, acrescenta: “as mulheres ocupam metade do planeta, então elas precisam também ser representadas através do cinema, seja na frente ou atrás das câmeras”.

Além da importância de exibir filmes produzidos por mulheres, o agora Festival Kika de Cinema reitera seu compromisso com a democratização do acesso à cultura, ao levar cinema gratuito a um dos bairros mais tradicionais da Ilha – mas também com menos acesso a equipamentos culturais.

A interação do festival com a comunidade chamou a atenção de Minom Pinho, diretora-geral do Festival Internacional de Mulheres no Cinema (FIM), de São Paulo. “Não esperava encontrar aqui tamanha inteligência sociocultural instalada num território. Tudo acontece na praça e a comunidade abraça. Vêm pessoas com mais idade, jovens, crianças, famílias, toda a comunidade cultural aqui do Ribeirão da Ilha. Fiquei impressionada com o tamanho da interação. Esse festival reúne a comunidade para assistir cinema de mulheres e vai capilarizando com outras iniciativas de manifestações populares, o carnaval, a música centenária, a feira de artesanato, a feira culinária. Todo esse ecossistema vai ocupando a praça, essa mistura da praça com a tela de cinema, com todas essas interações, com pessoas de todas as idades e uma programação de muita qualidade”, disse. Pinho foi uma das curadoras do Festival Lanterna Mágica.

A organização já busca patrocinadores para 2025. O festival aposta em seu propósito de exibir e debater o cinema feito por mulheres num dos bairros mais charmosos e históricos de Florianópolis para atrair empresas que tenham compromisso com a equidade de gênero. Segundo a organização, a participação ativa do público é um atrativo para patrocinadores. Além do público presencial, muita gente acompanhou pelas redes sociais a programação e os conteúdos publicados sobre os filmes, rodas de conversa, homenagens e atrações culturais. Nos 30 dias anteriores ao evento, as postagens no Instagram alcançaram quase 70 mil contas. Foram 46 mil visualizações de reels e 6,5 mil visitas ao perfil. As mulheres são 70% dos seguidores.

A terceira edição do Festival Lanterna Mágica de Cinema é um projeto selecionado pelo Edital Prêmio Catarinense de Cinema – Edição Especial Lei Paulo Gustavo – 2023, executado com recursos do Governo Federal e do Estado de Santa Catarina, por meio da Fundação Catarinense de Cultura.

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