Entrevista João Cobalchini: “O MDB tem que ser MDB”

Em entrevista exclusiva ao Informe Floripa o presidente da Câmara de Florianópolis, vereador João Cobalchini (MDB) falou que é simpático da ideia de que o partido coloque na rua uma pré-candidatura própria para disputar o Governo do Estado, porém, defende que antes o MDB fortaleça suas bases e monte nominatas fortes para deputado estadual e federal.

Cobalchini também falou sobre projetos da Câmara para esse ano de 2025 como a ampliação do espaço do Balcão da Cidadania, Concurso Público; agenda com grandes entidades, sessões itinerantes, rombo da previdência e outros temas relevantes.

Leia a entrevista abaixo e saiba mais sobre o Ano Legislativo que tem sua primeira sessão ordinária nesta segunda-feira (3), abrindo os trabalhos de 2025.

INFORME FLORIPA – Como o senhor avalia seu mandato à frente da Casa no ano de 2024?

JOÃO COBALCHINI – Avalio de forma muito positiva. Grandes projetos foram enviados do Executivo pra cá e para todos a gente deu uma solução rápida. Também tivemos o ‘Câmara de Portas Abertas’. No último ano foram mais de 20 mil atendimentos no Balcão da Cidadania. A intenção nossa é ampliar bastante os serviços e também a capacidade de atendimento. Estamos pensando em um espaço aqui próximo, para justamente ampliar ainda mais essa participação popular. Aqui é a casa do povo e a gente não pode se esquivar disso. Enfim, tivemos um 2024 muito produtivo. Acho que fruto de todo esse trabalho também foi a nossa reeleição à presidência da Mesa. Os vereadores (aqueles que ficaram e esses da safra nova) fizeram a opção pelo meu nome. Um placar de 21 a 2 mostra que foi um bom trabalho sim.

INFORME FLORIPA – Pode explanar mais sobre essa ideia de ampliação do Balcão da Cidadania, para comportar a alta demanda?

JOÃO COBALCHINI – Sim. Temos uma licitação em curso, ao que parece com só dois interessados. Num raio muito próximo aqui da Câmara vamos fazer um Balcão maior. Sabemos que hoje temos um problema físico, pois o térreo é muito apertado pra quantidade de serviços que a gente quer oferecer. Até tínhamos outras propostas de serviços para oferecer, como por exemplo, o Procon Estadual fazer um pólo aqui, sem falar no Detran também, porém, acaba que não tem estrutura física para receber esses novos projetos.

INFORME FLORIPA – Além de Procon e Detran, quais outros serviços a Câmara pretende oferecer ou ampliar no Balcão da Cidadania?

JOÃO COBALCHINI – Quem já esteve aqui conosco e acho que vai ser a cereja do bolo é a Defensoria Pública. O doutor Ronaldo Francisco (Defensor Público Geral) esteve aqui conosco e reafirmou esse compromisso da Defensoria com a Câmara. Ele disse que foi um case de sucesso e que outras Câmaras de SC o procuraram para firmar igual parceria. Então, a população pode ficar tranquila que a Defensoria continua aqui na Câmara.

INFORME FLORIPA – Quais os grandes desafios do Legislativo da Capital para esse ano de 2025?

JOÃO COBALCHINI – Quero fazer uma agenda com as entidades civis organizadas. Não podemos só esperar que o Executivo traga suas pautas. Temos que ouvir a cidade, saber de que forma que a Câmara pode participar ativamente, não só como interlocutora, mas como protagonista. Em fevereiro vamos fazer uma agenda pensando nisso, em parceria com as grandes entidades, para saber o que elas pensam e o que a gente pode, como Câmara Legislativa, ajudar nessas questões importantes para a cidade.

INFORME FLORIPA – Alguns desses problemas crônicos da cidade todo mundo sabe quais são…

JOÃO COBALCHINI – A gente sabe que têm vários problemas na cidade, muitos que não são de hoje e sabemos que para muitos não teremos solução inovadora, mas vamos atacá-los. São problemas antigos e muitos a gente já sabe de cor, como o saneamento. Como Capital do Estado, como cidade mais inteligente do Brasil, não podemos admitir menos de 60% de esgotamento sanitário. Temos que ser mais rígidos com isso. A Câmara tem que cobrar do Executivo e também da concessionária uma resposta a altura. Tem que ser feito um investimento substancial especialmente no Sul da Ilha onde tem 0% de esgotamento sanitário. Tem também a questão da mobilidade, do transporte marítimo. Enfim, temos que colocar em pauta esses assuntos grandes. Temos que procurar ajudar o Executivo e a cidade na busca por soluções

INFORME FLORIPA – O senhor tinha intenção de realizar sessões itinerantes no ano passado, não foi possível, para esse ano esse projeto sai do papel?

JOÃO COBALCHINI – Sim. Como é natural que tenha despesa para a realização então já pedi para a Casa realizar licitação de estrutura, tenda, enfim, do que precisar. Queremos sim fazer as sessões itinerantes. Podemos também ter apoio de outras entidades para levar serviços públicos para as pessoas. É lá nas comunidades que podemos discutir sobre os maiores problemas reais de cada região da cidade. Realmente, neste último ano não saiu do papel, mas, com certeza, nesse ano vai.

INFORME FLORIPA – Quanto ao concurso público da Câmara, como está o andamento?

JOÃO COBALCHINI – Está andando o processo. Foi renomeada neste ano a comissão do concurso público. É uma das prioridades da Câmara, pois nosso quadro é muito antigo. Nosso quadro é anterior à Constituição de 88. De lá pra cá não tivemos um concurso público. Esses servidores já possuem tempo de serviço e podem se aposentar do dia para a noite e isso levaria a um prejuízo gigantesco para os serviços da Casa. Por isso é importante que aconteça uma transição com novos concursados. Nesse ano, com certeza, sai.

INFORME FLORIPA – No ano passado o senhor comandou com um tom conciliador, abrindo espaço não só para os vereadores da base, mas também da oposição (esquerda). O João 25 será igual?

JOÃO COBALCHINI – É natural que em uma Casa política hajam divergências e discordâncias pontuais. Mas, eu como presidente tenho o papel conciliador. Conversei com a vereadora Carla Ayres (que disputou comigo a presidência da Câmara) nesta semana, justamente nesse sentido. Na presidência, não pode ser a cara do João, tem que ser a cara da Instituição. Tenho que salvaguardar esse mandato conferido pela população de Florianópolis a todos os vereadores, independente de partido, independente se é meu amigo ou não. Quero até ampliar essa construção conciliadora. Cada um tem sua bandeira política, mas quando os agentes políticos estão voltados e eu acho que todos estão, ao crescimento da cidade, é o melhor pra Florianópolis.

INFORME FLORIPA – Como o senhor pretende administrar a nacionalização do debate da Câmara, em função da existência de grupos de vereadores mais a esquerda e outros mais à direita, que buscarão esse confronto?

JOÃO COBALCHINI – Não é meu estilo de política nacionalizar o debate. Acho que como vereador deveríamos nos preocupar com pautas específicas do município. Não que ficaríamos alienados do que acontece em Brasília, mas acho que temos que cuidar da nossa casa. Mas, naturalmente não posso ceifar ou privar algum vereador de fazer essa discussão nacional. Enquanto horário de partido tudo bem. Porém, nas nossas reuniões internas e no nosso desenrolar da Câmara, darei prioridade para pautas da cidade. O mais importante é ver os principais desafios do nosso município.

 Para receber a COLUNA DO ADRIANO no whatsapp, é só clicar e ingressar no grupo: https://chat.whatsapp.com/H2w34yUIK4F7SVYj69cyZ9

INFORME FLORIPA – A Câmara continua com um rombo no fundo de previdência dos funcionários, como está sendo a administração disso?

JOÃO COBALCHINI – Assunto complicado. Mais de 20% do nosso duodécimo é para suplementar essa dívida do passado, são quase 20 milhões de reais. Isso incomoda o município, incomoda a Câmara de Vereadores. Tem que ser feito alguma coisa nesse sentido. Estamos esperando o Executivo se enviará ou não a reforma da previdência, que impacta também aqui na nossa Casa. Tem que ter uma solução, pois em médio prazo ficará insustentável. Claro que tem aquela PEC que está tramitando em Brasília, onde se falava que iria ser uniformizado, ou seja, valeria para os municípios também. Também estamos aguardando esse desenrolar. Mas, se o Executivo Municipal achar que é interessante enviar uma reforma, o meu posicionamento é favorável.

INFORME FLORIPA – Nos bastidores é tida como certa sua candidatura a deputado estadual, confere?

JOÃO COBALCHINI – Não podemos atropelar os projetos. É natural que eu seja lembrado como um candidato a deputado estadual. Sim, tenho essa pretensão. O MDB da Grande Florianópolis há muito tempo não tem uma representação. O município de Florianópolis hoje só tem um deputado com base de votos daqui, que é o Marquito. Pela quantidade de eleitores aqui da Capital e Grande Florianópolis temos esse potencial de votos e eu vou brigar por essa cadeira.

INFORME FLORIPA – Ao voltar para o MDB, como senhor vê a situação do partido em nível municipal?

JOÃO COBALCHINI – Hoje o partido está sendo bem dirigido. Não à toa conquistou três cadeiras aqui na Câmara. Ouve sim uma divergência inicial na questão da eleição da Mesa, mas já superamos isso, o Jeferson (Backer – vereador do MDB) tem feito parte das nossas conversas aqui dentro da Câmara. Não só isso. Montamos uma nominata com 31 mil votos. Perdemos em número de vereadores só para a bancada que foi montada pelo Governo do Estado (PL) e para a bancada que foi montada pela prefeitura (PSD), então o projeto foi, sim, muito vitorioso. É natural que agora a gente queira aprofundar muito mais o trabalho. Temos que fortalecer o MDB de Florianópolis, pois merece um protagonismo todo especial. Acredito que com essas três cadeiras na Câmara, a tendência é que cresçamos muito. Apesar de não ser o presidente, que é o Fúlvio (Rosar Neto), tenho procurado sempre que possível ajudar nessa condução, levando novos nomes. Até abril que é a data das convenções quero trazer nomes de peso já pensando lá na eleição não só de 2026, mas também na eleição de 2028, para que ampliemos ainda mais o número de cadeiras aqui na Câmara na próxima Legislatura.

INFORME FLORIPA – Na sua opinião, qual caminho o MDB deve seguir na disputa da eleição em 2026 em Santa Catarina?

JOÃO COBALCHINI – Li essa entrevista do nosso ex-presidente da Assembléia, deputado Mauro de Nadal, onde ele falava numa possível pré-candidatura do deputado federal Carlos Chiodini ao Governo do Estado. Achei uma boa entrevista. De fato, se vamos fazer parte do governo ou não, isso é uma questão mais de governabilidade. É uma decisão que fica mais na conta da bancada estadual, claro que num debate envolvendo a bancada federal e outros setores também importantes.

INFORME FLORIPA – Mas então o que o senhor classifica como fundamental neste momento para o partido?

JOÃO COBALCHINI – Acredito que nesse momento o mais importante seja o fortalecimento interno do que saber de que lado vamos estar, se do lado do Jorginho Mello ou se do lado do João Rodrigues. Acho que o MDB tem que ser MDB. Qual o primeiro papel do partido? É fortalecer, fazer uma boa nominata federal e estadual. Na última eleição pecamos um pouco nisso. Tirando os deputados eleitos, olhando as nominatas, dá pra ver que não foram nominatas robustas como sempre o MDB teve. O MDB sempre teve dificuldade, tendo que cortar sempre três quatro, cinco nomes que queriam ser candidatos, pois existiam muitos candidatos. Já nessa última eleição foi o contrário. Tivemos que procurar lideranças fora de casa pra trazer para complementar as chapas de nominatas. Então, por isso entendo que antes de saber de qual lado vamos estar ou se vamos ter candidatura própria, temos que fortalecer o partido. Procurar os prefeitos e vereadores que não venceram a eleição e ajudá-los. Procurar novos nomes. Entender cenários.

INFORME FLORIPA – O senhor entende que o partido continua forte?

JOÃO COBALCHINI – Perdemos algumas prefeituras, mas em número de quantidade de votos o MDB é o mesmo. O partido tem um papel importantíssimo no Estado. É o partido que mais elegeu vereadores. O MDB é sim um grande player das próximas eleições. Porém, volto a falar, primeiro temos que estar bem organizados dentro de casa. Depois de fazer esse dever de casa é a hora de ver o projeto mais importante.

INFORME FLORIPA – O senhor é adepto de uma candidatura própria?

JOÃO COBALCHINI – O MDB tem sim condição de lançar um candidato a governador. Não só pelo número de prefeitos, mas pelos votos que obtivemos na última eleição. Somos o segundo partido, quase colado com o primeiro e não tivemos apoio nem federal e nem estadual. O MDB construiu isso sozinho. O MDB é muito grande e se o projeto for na pessoa do Chiodini ele pode contar conosco, mas, volto a falar, primeiro temos que fazer esse dever de fortalecer as bases.

 Para receber a COLUNA DO ADRIANO no whatsapp, é só clicar e ingressar no grupo: https://chat.whatsapp.com/H2w34yUIK4F7SVYj69cyZ9

O post Entrevista João Cobalchini: “O MDB tem que ser MDB” apareceu primeiro em Informe Floripa.

Adicionar aos favoritos o Link permanente.