Chuvas devastadoras em Santa Catarina e a ascensão da crise climática no Brasil

Larissa de Castro Coelho, advogada nos Núcleos de Ações Coletivas, Direito Ambiental e ESG

 

As chuvas intensas que atingiram Santa Catarina nos últimos dias, levando diversas cidades a decretarem situação de emergência, destacam os impactos das mudanças climáticas no Brasil. Esses eventos, caracterizados por enchentes e deslizamentos, têm se tornado cada vez mais frequentes e destrutivos, revelando a vulnerabilidade das cidades brasileiras diante das alterações nos padrões climáticos.

 

O aumento das temperaturas globais, causado principalmente pelas emissões de gases de efeito estufa, tem modificado o regime de chuvas em várias partes do mundo. Estudos indicam que o aquecimento atmosférico intensifica o ciclo hidrológico, levando a eventos climáticos extremos, como chuvas mais intensas e concentradas em curtos períodos. Santa Catarina, conhecida por sua geografia montanhosa e hidrografia diversificada, é especialmente suscetível a enchentes e deslizamentos de terra, agravados por ocupações desordenadas e falta de infraestrutura adequada.

 

As chuvas recentes expõem um cenário alarmante: comunidades inteiras desabrigadas, rodovias bloqueadas e prejuízos econômicos incalculáveis. Esses fenômenos não são apenas uma consequência direta das mudanças climáticas, mas também de decisões históricas de planejamento urbano inadequado e de políticas públicas insuficientes para mitigar os riscos.

 

Esses eventos evidenciam a urgência de políticas públicas voltadas para prevenção de desastres e adaptação às mudanças climáticas. Investimentos em infraestrutura resiliente, como sistemas eficientes de drenagem urbana e monitoramento climático, são indispensáveis. Além disso, é essencial promover o reassentamento de populações que vivem em áreas de risco e a recuperação ambiental de áreas degradadas.

 

Outro aspecto importante é o fortalecimento de sistemas de alerta precoce e planos de contingência em nível estadual e municipal. Esses mecanismos podem salvar vidas e minimizar os impactos econômicos e sociais de eventos extremos.

 

Destaca-se que a sociedade também desempenha um papel crucial na construção de cidades mais resilientes. A educação ambiental, a participação em processos de planejamento urbano e a adoção de práticas sustentáveis por empresas e cidadãos são fundamentais para enfrentar os desafios impostos pelas mudanças climáticas.

 

A cooperação entre governos, empresas e organizações não governamentais é imprescindível para implementar soluções inovadoras e sustentáveis. Além disso, é importante que os governos locais e estaduais aproveitem os avanços tecnológicos disponíveis, como modelagem climática e inteligência artificial, para melhorar o planejamento urbano e a gestão de desastres.

 

Assim, as chuvas em Santa Catarina são mais um alerta sobre os impactos das mudanças climáticas e a necessidade de ações imediatas para mitigar seus efeitos. Encarar esses desafios exige um compromisso coletivo com o desenvolvimento sustentável e com políticas públicas que priorizem a adaptação climática e a proteção das populações mais vulneráveis. Apenas com um esforço coordenado será possível construir um futuro mais resiliente e preparado para enfrentar os desafios do clima.

 

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