Pré-candidatura a governador de João Rodrigues é o fato novo da política em SC

Por mais que teorias conspiratórias existam, com enes cenários, inclusive contando até com uma risível intervenção do líder maior Gilberto Kassab contra seu próprio partido tirando-o da disputa do governo em 2026 (o que classifico como improvável) o fato é que a pré-candidatura a governador de João Rodrigues (PSD) está à mesa e não tem volta.

O projeto saiu do forno final de semana com uma manifestação diante de 100 lideranças suprapartidárias de legendas como PSD, MDB, PP, PSDB, União Brasil e Novo, em reunião em Itapema. O prato está feito e servido quente, pelando. Um prato pra lá de indigesto para o governador Jorginho Mello (PL), que queria – como na eleição passada – navegar sozinho nesse voto de direita e extrema-direita, cuja colheita é farta em Santa Catarina.

Prefeitos, vices, deputados e vereadores presentes ouviram de  João que o lançamento oficial de sua pré-candidatura ocorrerá em Chapecó, no dia 22 de março, data de seu aniversário. O PSD já planejou cinco reuniões de lançamento da pré-candidatura de João Rodrigues pelo Estado. “Nós vamos percorrer o estado com João Rodrigues, atendendo aos convites dos prefeitos. Este ano, serão cinco reuniões, uma a cada 45 dias, começando em Chapecó”, destacou Eron Giordani, presidente do PSD de SC.

Pontos que fazem Jorginho ligar o sinal de alerta

A imprensa estadual já noticiou à exaustão o barulhento anúncio de João Rodrigues de sábado (25). Vou ater-me às nuances. Afinal, o que faz o gesto político do prefeito de Chapecó ser uma dor de cabeça para o governador Jorginho Mello (PL)?

Primeiro é que João é mais bolsonarista e radical conservador que Jorginho. Nessa luta insana de narrativas de quem é mais bolsonarista o prefeito de Chapecó dá de 10 a zero. Em tempo de luta e em atitudes. No Estado mais conservador do País, isso é ouro em uma campanha.

Mas não é só isso. João é mais energético em seus posicionamentos, diante de um governo do Estado que após dois anos pouco entregou. A grande marca talvez do governo Jorginho seja o Universidade Gratuita, um programa que já existia através do artigo 170. Na Infraestrutura uma meia dúzia de obras, na saúde apenas zeladoria de hospitais e um tímido avanço nas cirurgias eletivas. De mais, o governo é engessado. O amigo leitor pode fazer esse exercício ai e se perguntar: quais obras e ações impactantes o atual governo tem?

Esse governo é engessado porque Jorginho não confia em ninguém. E em política, compartilhar o poder é o segredo de um bom governo. Ajuda a destravar as coisas. Jorginho confia apenas nos filhos e em meia dúzia de assessores com pouca relevância política. Enquanto isso João Rodrigues é exatamente o oposto. Governa Chapecó com quase todos os partidos de direita e centro. Conversa com todo mundo e mostra-se sempre aberto. É o líder de um projeto suprapartidário, tanto que o PSD já tem apalavrados o Podemos, Novo e União Brasil.

Por fim, o que mais incomoda os inquilinos da Agronômica é que João é mais produto. É Ex-radialista e comunica-se muito bem, enquanto Jorginho é capenga na oratória com frases desconexas. Sem falar nas escorregadas em declarações negativas. Cito as recentes em relação à cor da pele de quem mora em Pomerode e no episódio das conversas entre Valdemar Costa Neto e Bolsonaro, por ele reveladas existirem, confrontando decisão do STF visto que ambos são investigados e impedidos de se falar.

Mas, sem apavoramento

Contudo, essas vantagens de João sobre Jorginho não são terra arrasada para o liberal. Uma eleição se define por fatores múltiplos. Vamos citar um caso recente que se assemelha muito com o cenário que se desenha nesse confronto entre PSD e PL no Estado.

A recente eleição municipal de São José tinha a ex-prefeita Adeliana Dal Pont (PL) muito bem avaliada e muito bem posicionada nas pesquisas durante a pré-campanha. Um produto muito melhor. Uma candidata comunicativa, experiente e atenciosa. Já o prefeito Orvino Coelho de Ávila (PSD) era o oposto. Péssimo em comunicação, um governo desastroso com poucas entregas e mal avaliado.

Mas, como disse, eleição é eleição. A turma do Orvino soube ler as pesquisas e atacar os pontos fracos. Primeiro, Orvino soube atrair o maior arco de alianças. Com a máquina na mão fez um verdadeiro exército de apoiadores e deixou Adeliana sozinha e isolada nas composições. Segundo, deu um susto no seu governo e brotaram entregas e projetos novos nos meses que antecediam a eleição. A máxima de que eleitor só presta atenção no governo no ano da eleição se mostrou mais do que verdadeira. Os índices de aprovação do governo melhoraram significativamente.

Por fim, foi como se usassem o filtro do instagram no produto. O trabalho de comunicação capitaneado por Maurício Locks mudou a forma de Orvino se comunicar, centrou os vídeos no seu rosto para lhe tornar mais conhecido e dominou a narrativa desde a pré-camapanha. Contando com o auxílio do ex-presidente Bolsonaro que negou que Adeliana subisse ao palco durante um evento, a turma do Orvino não parou um dia sequer de dizer que Orvino era mais bolsonarista que a adversária, apesar de ela estar no PL. Um PL que não a abraçou 100%. São José é forte no bolsonarismo e isso fez sim diferença.

O resultado todos conhecem. Um prefeito com governo capengando por três anos conseguiu a reeleição. Soube usar a força da máquina e aceitou mudar seu perfil.

Para a turma do Jorginho fica a senha. Fazer o dever de casa com microscópio para assumir a narrativa desde já e formar a estratégia atacando os pontos fracos e fortalecendo os pontos fortes. Pra isso é preciso mudança e vontade de mudar as atitudes. O candidato e seus subordinados têm que ouvir o marqueteiro e sua equipe.

Para finalizar, para perder uma reeleição, com a máquina na mão, é muito difícil. Tem que ser muito ruim de jogo e está ai uma coisa que Jorginho não é. Sua trajetória mostrou isso.

E o MDB?

Enquanto PSD e PL fortalecem seus flancos e levantam trincheiras para a guerra, o MDB seque numa falta de foco que nasceu com a morte do grande líder, Luiz Henrique da Silveira. Nos bastidores dizem que para onde o manda brasa pender, leva a vitória: Jorginho ou João.

Mas, é uma estratégia arriscada. O partido já fez isso em 2022, indo de vice do ex-governador Moisés. Saiu da eleição enfraquecido. Penso que para o MDB só exista um caminho viável para ao menos manter o partido grande: lançar uma candidatura própria de centro, num cenário com mais duas candidaturas de direita e uma provável de esquerda.

Agindo assim ao menos o partido mantém suas bases. Caso contrário, rachado e optando por um ou outro lado, continuará vendo lideranças cooptadas pelos adversários e sem identidade. Ou seja, se o partido for com João, quem simpatiza com Jorginho vai sair do partido e vice-versa. Mas, um projeto emedebista bem construído, brilha os olhos de suas bases. Resumindo, sem projeto próprio o partido será ao final de 2026 do tamanho que o PP é hoje.

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Posse na FECAM

A Federação de Consórcios, Associações de Municípios e Municípios de Santa Catarina (FECAM) realiza nesta sexta-feira (31), em Florianópolis, um dia decisivo para o municipalismo catarinense. A programação inclui uma coletiva de imprensa com o atual presidente da entidade, Kleber Wan-Dall, às 9h, na Associação dos Municípios da Região da Grande Florianópolis (GRANFPOLIS), na Rua Cândido Ramos, 250, em Capoeiras.

Na sequência, às 10h, acontece a Assembleia Geral Ordinária, quando será realizada a eleição e posse do novo presidente da FECAM, além da composição da diretoria que liderará a entidade pelos próximos dois anos.

Durante a Assembleia, também serão apresentados a prestação de contas de 2024, o relatório das atividades realizadas ao longo do último ano e o plano de ação para 2025. Outro destaque da agenda será a assinatura de termos de cooperação técnica, que reforçam o compromisso da FECAM com o fortalecimento dos municípios catarinenses e a busca por soluções conjuntas para os desafios locais.

Topázio Favorito

Nos bastidores é dado como certo o nome do prefeito da Capital, Topázio Neto (PSD) como novo presidente da Fecam. Ele já recebeu o apoio do governador Jorginho Mello (PL) e mais recentemente o prefeito de Chapecó, João Rodrigues (PSD), que afirmou que Topázio é seu candidato e expressou o desejo de que ele conduza uma gestão independente e municipalista, priorizando o diálogo com os municípios.

Prefeito, Topázio Neto

Eleição da Mesa Diretora da Alesc

A Assembleia Legislativa de Santa Catarina realiza no próximo sábado, 1º de fevereiro, a sessão preparatória para eleição do presidente que comandará a Casa no biênio 2025-2026 da 20ª Legislatura. A sessão ocorrerá no Plenário Deputado Osni Régis, a partir das 14 horas. Conforme estabelece o Regimento Interno da Assembleia, a votação deverá ser presidida pelo deputado Padre Pedro Baldissera (PT), parlamentar mais idoso entre os de maior número de legislaturas estaduais completas. A eleição poderá ocorrer em dois turnos, caso haja três ou mais candidatos à presidência. Neste caso, os dois mais votados disputam o segundo turno.

O presidente eleito tomará posse na mesma sessão e convocará imediatamente outra sessão preparatória para a eleição dos demais membros da Mesa Diretora para o biênio 2025-2026: 1º vice-presidente, 2º vice-presidente, 1º secretário, 2º secretário, 3º secretário e 4º secretário. As candidaturas para esses cargos poderão ser apresentadas individualmente ou em chapa. A votação também é aberta e nominal.

Júlio presidente

Assim como na Fecam, na Assembleia Legislativa já há um sentimento de jogo jogado. Deverá assumir a presidência para os próximos dois anos o deputado Júlio Garcia (PSD). As tratativas aconteceram já no segundo semestre do ano passado e encontram-se bem encaminhadas. Ele volta ao comando da Casa substituindo o deputado Mauro de Nadal (MDB).

Deputado Júlio Garcia

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